quinta-feira, 4 de dezembro de 2008

Serguei, o anjo maldito

Conheça a história e veja a entrevista exclusiva do BLOOGSTOCK
.
Texto: Gisele Bastos de Souza

Aos 75 anos, comemorados em 08 de novembro, o carioca e ex-comissário da Varig, Sérgio Augusto Bustamante, o Serguei, é mais do que um cantor veterano do rock nacional. Serguei é uma lenda viva, e não por sua voz. Ficou conhecido quando, em 1967, subiu na estátua do Pequeno Jornaleiro, na Avenida Rio Branco, no Rio de Janeiro, para dar vivas ao rock e à liberdade de imprensa em pleno regime militar. Fama mesmo veio pelo fato de ter tido um “affair” com a diva americana Janis Joplin, no final de 1969.
Depois de gravar alguns compactos, finalmente lançou o primeiro LP aos 57 anos, com produção do popular Michael Sullivan. No repertório, Satisfaction, dos Rolling Stones; Help dos Beatles, Summertime e Mercedes-Benz de sua musa Janis Joplin. Desde 1982, vive em Saquarema. Desfila até hoje de peruca loira espetada e lentes azuis, espalhando paz e amor e muitas histórias...
Rio de Janeiro, 1971. O roqueiro Serguei encontra com sua ex-namorada Janis Joplin em frente ao Hotel Copacabana Palace, onde ela estava hospedada, e os dois caminham até a Rua Prado Júnior, para ver sua apresentação na boate Holliday, com a atriz Darlene Glória. De repente, Janis se ajoelha na calçada e grita: "Have a pen?". Em seguida, ela desenha sobre o zíper da calça dele um coração com a frase: "Serguei and Janis Joplin - love". Após sua morte, Serguei procurou a velha calça listrada de azul e branco quando, então, ouviu da mãe: "Aquela toda rabiscada? Dei para os pobres".
Sérgio Augusto Bustamante, conheceu a fama quando o compacto Alucinações de Serguei estourou nas rádios, em 1965. Desde então, gravou dez discos, o último em 1991, pela BMG, após elogiada apresentação no festival Rock in Rio II. Oito anos depois, Serguei voltou à cena com o lançamento da biografia Serguei - O Anjo Maldito, de João Henrique Schiller. E planeja lançar seu primeiro CD, Rota 66, com participações de Evandro Mesquita e Roberto Frejat.
Filho de um executivo da IBM, Domingos Bustamante, e da dona de casa Heloísa, Serguei nasceu no Rio de Janeiro e foi criado com os mimos de filho único. "Aos 12 anos disse a meu pai que queria morar nos Estados Unidos, pois não suportava viver num país do terceiro mundo", conta. Foi morar com a avó materna, Lia Anderson, em Long Island, Nova York, onde participou de festivais estudantis.
De volta ao Brasil, em 1955, trabalhou no Banco Boavista, de onde foi despedido. "Ficava amarradão andando de elevador para baixo e para cima”. Foi, então, para a aviação, onde trabalhou como comissário de bordo na Lloyd Aéreo, Cruzeiro do Sul, PanAir e Varig. "Depois de servir passageiros, íamos para a cauda do avião e eu imitava a Dalva de Oliveira e o Elvis Presley", lembra. Na Varig, teve sua segunda demissão. "Estava em Madri e era folga. Pus um perucão maravilhoso e fui dançar. Depois de beber, pulei em cima da mesa onde estava a atriz Gina Lollobrigida, puxei-a pelos quadris, dançamos e tomamos um banho de sangria", diverte-se. Na saída, bêbado, brigou com o dono da boate. "Quando cheguei ao Rio, tinha um relatório na mesa do chefe", conta.
De volta aos Estados Unidos‚ em 1963, ele morou no Village, em Nova York, e cantou em bares. Com suas performances, roupas extravagantes e o rebolado, agradava ao público. "Pouco estudei música", diz. "Mas canto, grito, pulo e requebro”. Nessa época, conheceu Janis Joplin, freqüentou a casa de Jim Morrison, líder do The Doors; foi a Woodstock e viu Jimi Hendrix. "Éramos movidos a incensos e Jack Daniel's", conta.
Quando o pai adoeceu, em 1973, Serguei voltou ao Brasil. A família mudou-se para Saquarema, na Região dos Lagos, no Rio de Janeiro, aonde o roqueiro vive. "Fiquei com ele até o fim", conta. "Lia para ele, fazia sua barba”. Há quatro anos, perdeu a mãe. Hoje, não tem rotina, fora os 45 abdominais diários. "Sou vaidoso. Fui um dos primeiros brasileiros a usar interlace nos cabelos", diz ele. Garante que não usa drogas e não abre mão de sua, nada convencional, preferência sexual. Além de homens e mulheres, disse que já transou até com uma árvore.
Muito ligado à natureza, Serguei reside em uma casa que ele mesmo denominou "Templo do Rock". Lá recebe visitantes e mostra objetos, fotos de ídolos e de momentos da sua vida. E é de Saquarema que ele parte para alguns shows pelo Brasil, trabalho que o sustenta há quase 40 anos. Faz shows no Norte e no Nordeste. "Num mês razoável, ganho de R$ 3 mil a R$ 4 mil ", conta. O único rendimento certo são os dois salários mínimos que recebe do INSS como autônomo. Serguei ostenta o título de artista oficial do grupo de motoqueiros Hell's Angels no Brasil. Sua discografia é distribuída para integrantes do Hell's no mundo. Na única vez em que andou de moto, porém, caiu e ficou uma semana no hospital, com um coágulo na cabeça.
Quando o mundo fervia em mudanças, protestos e novos comportamentos, Serguei não flertava com a Jovem Guarda e muito menos com a Bossa Nova, apesar da simpatia pelo Tropicalismo. Ele estava mesmo é sintonizado com a psicodelia que explodia com o 'verão do amor'. Neste clima ele gravou 'Eu Não Volto Mais' (falando no perigo da bomba atômica), 'As Alucinações de Serguei', 'Maria Antonieta Sem Bolinhos' (um clássico!) e 'Sou Psicodélico'. Em 69, gravou o compacto 'Alfa Centauro/Aventura', acompanhado do grupo carioca The Cougars, lançado pelo selo 'Orange', que flertava com a tropicália, mas sem perder a 'acidez' psicodélica. Em 1970, lança o compacto com 'O Burro Cor-de Rosa' e 'Ouriço', produzido por Nelson Motta, com sugestivas letras que lhe renderam alguns "pepinos" com a ditadura.
Desde então, gravou esporadicamente, com destaque para o compacto 'Hell's Angels do Rio' e 'Ventos do Norte', com a banda Cerebelo, lançado em 1983. No ano seguinte, vem mais um compacto com 'Mamãe Não Diga Nada ao Papai' e 'Alergia', produzido por Hernam Torres.O primeiro e único LP veio somente em 1991, depois de uma elogiada apresentação no Rock in Rio II. No disco, além de originais, estão covers para clássicos do rock, como 'Satisfaction', dos Rolling Stones, e uma hilária versão para 'Roll Over Beethoven', que virou 'Rolava Bethânia'. Assim como os compactos, a íntegra do LP permanece inédito em CD.

Um comentário:

Anônimo disse...

NESSE ROCK IN RIO QUE PASSOU EM 2011, FALTOU SERGEI A LENDA VIVA DO ROCK, O VERDADEIRO ROCK,LEVARAM TANTAS PORCARIAS QUE TINHA QUE TER SE CHAMADO PORCARIA ROCK, O ROCK FOI MESMO NO 1 DOMINGO NO DIA DO METAL. O RESTO FOI SÓ PORCARIA.